A expressão latina que designa a política de apaziguar a população com benefícios básicos, como distribuição de alimentos e entretenimento, desviando a atenção dos problemas graves, foi utilizada pela primeira vez, por Juvenal, um poeta romano, que fazia uma crítica ao comportamento dos romanos em geral, que se satisfaziam com migalhas e espetáculos, sem se preocupar com a política e os problemas sociais.
A população recebia trigo e era entretida com as lutas sangrentas de gladiadores, sacrifício de cristãos por bigas e cavalos, leões famintos e outras barbáries, o que aumentava a estima da turba pelos governantes, sem perceberem que estavam sendo manipulados e mantidos sob rédeas firmes, mantendo sempre sua posição de submissos e utilitários ao regime do governo, sem levantar voz e sem protestar.
Tinham sua chance de se sentirem poderosos, era dada a eles, uma “oportunidade” de escolher quem vivia e quem morria, ao levantar ou abaixar os polegares nas festas do circo romano. Sentiam, dessa forma, que estavam próximos aos governantes, ajudando a decidir.
Essa metáfora é sempre utilizada por governos populistas que conseguem controlar a população com a oferta de benefícios, como mimos, shows e jogos, sem resolver os problemas básicos e urgentes.
Abraçam “carinhosamente” a minoria, os desvalidos, os párias, os indesejados, os criminosos, como se fossem verdadeiros irmãos, mas os utilizam para seus fins escusos, dando a eles o mínimo pra sobreviver, impedindo-os de crescer e caminhar com as próprias pernas. E aí esses mesmos coitados se sentem “em dívida” com seus algozes, seguindo-os como cães fiéis, sem questionar ou desenvolver um mínimo de raciocínio. Fecham os olhos aos seus disparates e crimes e advogam a seu favor até a morte.
Nesse contexto a população é facilmente manipulada e controlada, tendo apenas o suficiente para sobreviver e se divertir, não se preocupam com seus direitos e necessidades reais. A retórica nas narrativas populistas abraça o cidadão com suaves mãos de ferro, fazendo dele um verdadeiro escravo do sistema, que o defende a unhas e dentes sem perceber as duras amarras que o prende. Não têm direito a reclamar, só obedecer e amar!
Muito usado em outros contextos culturais, o termo serve para descrever situações em que a atenção é desviada dos problemas reais com distrações e entretenimento, caos e balbúrdia, libertinagem e o “dolce far niente”, que sempre agrada aos “fora da curva”, que não se preocupam com a dor alheia ou à sua própria autoestima, mergulhados que estão no poço fundo e mal iluminado de seus próprios egos.
É uma ode ao egocentrismo que que se alastra como pólvora queimando, devorando a dignidade, o amor próprio e até mesmo a sanidade dos indivíduos, tornando estéreis as parcas tentativas de soerguimento do ser humano coletivo.
Pão e circo para o povo! Entretenimento não paga aposentadoria, não põe comida no prato, não edifica uma educação digna, não traz progresso pessoal, nem realizações coletivas. É a letargia da alma humana em favor dos que se refestelam com os resultados.
Enquanto ficamos nos “instas e tik toks” da vida, emburrecendo cada vez mais, o país é surrupiado, aviltado e desumanizado pela malta das trevas que se apoderou da nação!
E olha que nem mesmo o “pão” está mais sendo distribuído…só o circo de horrores…reflitamos!