Cerca de 90 indígenas da etnia Munduruku bloquearam a entrada do pavilhão da COP30 na manhã desta sexta-feira (14), em Belém, durante a conferência da ONU sobre o clima. A manifestação, articulada pelo Movimento Ipereg Ayu, tem como principal reivindicação a reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para discutir políticas que afetam diretamente suas aldeias.

Os manifestantes afirmam que só liberarão a entrada do evento quando o presidente for falar com eles. Além disso, denunciam obras de infraestrutura que impactam a vida das comunidades indígenas, incluindo projetos de hidrovias e ferrovias. Uma das líderes indígenas declarou: “A gente vai fechar, ninguém entra, ninguém sai, porque ninguém veio pra brincar, ninguém vai rir, ninguém vai tirar selfie… é o nosso corpo que está lá, é a negociação que está acontecendo aqui. Quem vai ficar aqui é só a imprensa e vocês têm que sair, porque a gente vai ficar no sol quente com essas crianças que estão doentes pra dizer que é sustentável, que é bioeconomia, que está matando a nossa floresta”.

A indígena acrescentou que as aldeias enfrentam graves problemas de saúde, educação e contaminação dos rios por mercúrio devido ao garimpo ilegal. “Já chega de usar nossa imagem pra dizer que estão bem; nosso rio está contaminado, o Estado tá matando a floresta, destruindo para colocar ferrovia, hidrovias, portos, para essas empresas internacionais entrarem. A gente não quer mais vocês aqui enquanto Lula não vir falar com a gente. Se ele é um presidente que fala com os melhores chefes de Estado, precisa nos ouvir também”.

Segundo o movimento, as reivindicações incluem reunião com o presidente para tratar do Plano Nacional de Hidrovias nos rios Tapajós, Madeira e Tocantins, a revogação do Decreto nº 12.600/2025, que institui o Plano, a revogação do projeto Ferrogrão e a aceleração da demarcação de terras indígenas.

A segurança no local foi reforçada e forças de segurança monitoram a manifestação. O protesto destaca a crescente mobilização dos povos indígenas para exigir participação nas decisões que afetam suas terras e comunidades, evidenciando a tensão entre projetos de infraestrutura e a preservação da vida e cultura das aldeias.

Com informações do Metrópoles

 

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