Nossas vidas seguem corroídas pela inflação e desemprego crescentes, enquanto vamos assistindo pela TV o desmanche do governo mais corrupto e incompetente da história brasileira, quiçá da humanidade, embora a governanta pareça honesta como o “governanto” anterior parecia – mas, agora, não parece tanto-, no mínimo ela é a criatura mais ingênua do planeta para contratar subordinados…

Em São Sebastião, chove há 90 dias quase sem parar e, para ser honesto, não aguento mais dirigir com chuva e névoa. Fico mais triste ao saber que no Nordeste brasileiro a seca castiga sem piedade. Nisso a incompetência e a corrupção são impiedosos, já que a atuação pífia das autoridades econômicas para salvar nossa pátria é agravada pelo fracasso do projeto da transposição do São Francisco e cujas obras prontas estão deteriorando.

Quem não se lembra, em 2003, do então ministro Ciro Gomes, quase chorando diante das câmaras de televisão, jurando de pé junto que iria somente levar água para os sedentos sertanistas? A caatinga necessita de água, mas as saúvas políticas nordestinas são ainda mais agressivas. Cresci ouvindo “ou o Brasil mata a saúva ou a saúva mata o Brasil”, pois é, essa formiga gigante e assustadora não é nada diante dessa classe política.

No último dia 11 de dezembro, a Polícia Federal deflagrou uma nova operação, batizada de Vidas Secas, para investigar um contrato de R$ 680 milhões em dois lotes da transposição do Rio São Francisco, entre o Ministério da Integração Nacional e o consórcio formado pelas já conhecidas OAS, Galvão Engenharia, Barbosa Mello e Coesa. As investigações mostraram que essas empresas receberam verba do ministério para as obras e repassaram cerca de R$ 200 milhões para as empresas de fachada dos doleiros Alberto Youssef e Adir Assad, ambos já condenados na Lava Jato por lavarem dinheiro e pelo pagamento de propinas no esquema de corrupção na Petrobras.

A operação teve início com a ação do Tribunal de Contas da União (TCU) um ano antes. E culminou com a mobilização de 150 policiais federais que cumpriram 32 mandados, sendo 24 de busca e apreensão, quatro de condução coercitiva e quatro de prisão temporária nos Estados de Pernambuco, Goiás, Mato Grosso, Ceará, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia e em Brasília.

Foram presos Elmar Varjão, presidente da OAS, Mario de Queiroz Galvão, membro do conselho de Administração do grupo Galvão, o executivo Raimundo Maurílio de Freitas, da Galvão Engenharia, e o executivo Alfredo Moreira Filho, ex-representante da Barbosa Mello.

A obra de transposição do rio São Francisco prevê a construção de quatro túneis, 14 aquedutos, nove estações de bombeamento e 27 reservatórios, e ainda a recuperação de 23 açudes da região que receberão as águas do rio São Francisco, beneficiando uma população de 12 milhões de habitantes, em 390 municípios nos Estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. As águas do Rio São Francisco representam 70% de toda a oferta na região. Continuam desaguando no mar, sem matar a sede desses milhões que assistem indignados a irrigação de fortunas nas contas de alguns vigaristas.

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