O deputado estadual Tadeu Martins Leite (MDB) tem ganhado força nos últimos dias como candidato à presidência da Assembleia Legislativa (ALMG) embora Romeu Zema (Novo) sinalize preferência pelo atual líder de governo, Roberto Andrade (Patriota), para o posto a partir de 2023.
O emedebista mantém boa relação com o Palácio Tiradentes – o MDB fez parte da coligação pela reeleição de Zema –, mas longe de um alinhamento total, como é esperado por parte dos deputados ouvidos pelo portal O Tempo caso Andrade seja eleito para o cargo.
A avaliação é que Tadeuzinho, como é chamado, tem bom diálogo e abertura não apenas com o governo e os deputados da base, mas também entre os parlamentares das demais correntes, como a oposição e os independentes.
Atualmente, ele é o primeiro secretário da ALMG, uma espécie de “prefeito”, que cuida dos assuntos administrativos, como vagas de garagem, trocas de estagiários dos gabinetes, entre outras questões.
Como consequência do cargo, Tadeuzinho tem contato frequente com praticamente todos os outros deputados, o que o coloca em posição privilegiada para articular uma candidatura presidente. Na história recente da ALMG, Dinis Pinheiro e Mauri Torres ocuparam o cargo de primeiro secretário antes de serem eleitos para comandar a Casa.
Um ponto que pesaria contra ele é que existe resistência entre integrantes do governo Zema e do Partido Novo pelo fato dele ter sido secretário de Desenvolvimento Regional na gestão do então governador Fernando Pimentel (PT).
Por outro lado, uma das leituras feitas nos bastidores é que a candidatura dele se fortaleceu com a eleição de Lula (PT). Nessa visão, teria ficado mais fácil ele atrair siglas que devem ser base do petista em Brasília, mas que hoje não são oposição a Zema, como PSD, Avante e PDT, e reunir um grupo significativo que contaria com os partidos de oposição, como a federação PT-PV-PCdoB, Rede, PSOL, PSB e PROS.
Somado ao PSDB, que rompeu com Zema, e ao próprio MDB, Tadeuzinho teria 39 votos, exatamente o necessário para ser eleito.
Já o candidato apoiado pelo Palácio Tiradentes, nesse cenário, chegaria a 38 votos levando em consideração os demais partidos que se coligaram a Zema na eleição ou que já declararam apoio: PL, PP, Patriota, União Brasil, PSC, Cidadania, Republicanos, PMN, Novo, Solidariedade, Podemos e DC.
O cálculo é uma estimativa, já que nem sempre os deputados votam de acordo com o determinado pela legenda e há também a negociação “no varejo”, com cada parlamentar. Além disso, as negociações ainda estão em andamento, e o posicionamento das siglas pode mudar.
“A candidatura do Tadeuzinho é forte porque ele é uma pessoa que sempre trata a todos os deputados muito bem e é avesso à polêmica”, afirma o deputado Arlen Santiago (Avante), partido da base de Zema. Ele disputa votos com o emedebista no Norte de Minas.
Santiago, no entanto, considera que a eleição de Lula tem pouco impacto na disputa. “Se o Bolsonaro fosse eleito, Tadeuzinho provavelmente teria o apoio dos deputados do PT. Ele sempre transita bem entre todas as correntes da Assembleia”, declarou o parlamentar.
Andrade conta com apoio do governo para assumir cargo
Há dois candidatos que integram a base de governo que já se colocaram publicamente na disputa. Roberto Andrade, que conta com o apoio principalmente do secretário de Governo, Igor Eto, afirma que, ao contrário da avaliação de seus críticos, sabe separar o que é ser deputado, o que é a ALMG e o que é governo. “Naturalmente, vou construir um diálogo entre a Assembleia e o governo, mas as prerrogativas dos deputados serão preservadas”, diz ele.
O deputado exemplifica que, quando se tornou líder de governo, pediu que Zema convocasse uma reunião com os secretários para pedir que todos os parlamentares fossem atendidos e respeitados. “Foi uma reunião até um pouco tensa porque alguns secretários não faziam esse atendimento. Eu quero promover o diálogo”, declarou Andrade.
Há uma articulação do Palácio Tiradentes para que o outro candidato governista, Antonio Carlos Arantes (PL), desista da candidatura para apoiar Andrade. Atual vice-presidente da ALMG, Arantes tem boa relação com Zema e vê o tamanho da bancada do seu partido, com nove deputados, como fundamental para o governador ter maioria na Casa, o que seria uma vantagem de sua candidatura.
Também na base de governo, Gustavo Valadares (PMN) e Zé Guilherme (PP) aventaram a possibilidade de disputar a presidência da ALMG, mas teriam desistido após o governo deixar claro que apoiaria Andrade. A reportagem tentou contato com Valadares e Guilherme, mas não tinha obtido retorno até o fechamento da edição.
O deputado do PMN, inclusive, viajou com a família após o resultado do primeiro turno das eleições, período no qual outros parlamentares começaram a articular as respectivas candidaturas.
De volta à ativa, Valadares ainda não entrou em contato com os deputados eleitos por seu partido, o que presumivelmente seria o primeiro passo para lançar uma candidatura a presidente do Legislativo.
Para se tornar presidente da ALMG, o candidato precisa ter apoio de 39 dos 77 deputados. A tradição é não haver disputa: o mais comum é que, após conversas de bastidores, seja firmado acordo e apenas um parlamentar se apresente como candidato no dia da votação. A reportagem também tentou contato com Tadeuzinho (MDB) e Antônio Carlos Arantes (PL), por mensagens e ligações, mas não obteve retorno.
Fonte: O Tempo