O ex-policial militar Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle Franco e Anderson Gomes, afirmou nesta quarta-feira (28) que a Delegacia de Homicídios (DH) do Rio de Janeiro é um “câncer” da cidade e se mantém com dinheiro de propinas de contraventores.
Na continuação do primeiro depoimento ao Ministério Público Federal (MPF), supervisionado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o responsável pelas mortes da vereadora do Psol e do motorista, em março de 2017, disse que a unidade de segurança pública responsável pela investigação de assassinatos recebia propina para acobertar crimes, apagar provas e mudar rumos de diligências.
“É [um problema] generalizado. É do grande, do médio, do pequeno contraventor. É um câncer. Esse esquema de pagamento de propina para que não haja interferência entre as guerras é uma cortina de fumaça. É óbvia a conivência [do comando da segurança pública], senão na primeira morte o contraventor seria preso”, acusou Lessa.
Apurações da Polícia Federal (PF) sobre o assassinato de Marielle e Anderson apontam evidências claras de obstrução criminal às investigações, originadas dentro da própria Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro.
A unidade da Polícia Civil do estado foi comandada pelo delegado Rivaldo Barbosa, preso ao ser apontado por Lessa, em acordo de delação premiada, como o responsável por mudar o foco das investigações do duplo homicídio. Rivaldo era titular da delegacia quando a vereadora foi assassinada e chegou a chefiar a Polícia Civil do Rio de Janeiro entre março e dezembro de 2018, quando o Estado estava sob intervenção federal na área segurança pública.
Fonte: O Tempo