A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, em agosto, o registro do vorasidenibe, um novo medicamento indicado para o tratamento de gliomas de baixo grau com mutações nos genes IDH-1 ou IDH-2, como astrocitomas e oligodendrogliomas. A autorização permite a comercialização do remédio no Brasil, mas sua entrada no mercado ainda depende da definição de preço pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED).
O vorasidenibe teve sua eficácia comprovada no ensaio clínico internacional INDIGO, publicado em junho de 2023 no periódico científico New England Journal of Medicine. Segundo os dados do estudo, os pacientes que utilizaram o medicamento apresentaram uma mediana de sobrevida livre de progressão da doença de 27,7 meses, em comparação a 11,1 meses no grupo que recebeu placebo — uma redução de 61% no risco de progressão ou morte.
Outro resultado expressivo apontado pelo estudo é que, após dois anos de tratamento, 83% dos pacientes que utilizaram o vorasidenibe não precisaram de novos tratamentos, contra apenas 27% entre os que não fizeram uso da substância. “Esse impacto é especialmente importante para preservar a qualidade de vida em pessoas mais jovens”, destaca a oncologista Ligia Traldi Macedo, do Hospital de Clínicas da Unicamp e pesquisadora do Centro de Inovação Teranóstica em Câncer (CancerThera).
Como funciona o medicamento
Administrado por via oral em comprimidos de 10 mg ou 40 mg de uso diário, o vorasidenibe age bloqueando mutações nas enzimas metabólicas IDH-1 e IDH-2. Essas mutações estimulam a produção da substância 2-hidroxiglutarato (2-HG), que contribui para alterações celulares e genéticas associadas ao desenvolvimento do câncer.
Ao inibir a produção de 2-HG, o medicamento retarda a progressão da doença e, em alguns casos, reduz o volume tumoral. “Trata-se de uma alternativa oral, de fácil adesão e com baixo índice de efeitos colaterais, o que favorece o tratamento prolongado”, afirma o oncologista Donato Callegaro Filho, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Com a aprovação pela Anvisa, o vorasidenibe representa uma nova possibilidade terapêutica para pacientes com gliomas de baixo grau com mutações nos genes IDH. A expectativa agora é pela definição do preço pela CMED, etapa necessária para que o medicamento esteja disponível no mercado brasileiro e possa beneficiar pacientes que enfrentam esse tipo específico de câncer cerebral.
Com Informações do Itatiaia