Diplomatas consultados pela CNN afirmam ser improvável que o Hamas aceite incondicionalmente a proposta de cessar-fogo apresentada pelo governo Trump para a Faixa de Gaza, divulgada na segunda-feira (29) pela Casa Branca.
Barbara Leaf, ex-principal autoridade do Departamento de Estado para assuntos do Oriente Médio durante o governo Biden e ex-embaixadora dos EUA nos Emirados Árabes Unidos, destacou que o grupo deve resistir especialmente às exigências relacionadas ao desarmamento e à entrega total de reféns e restos mortais.
“O Hamas está determinado a não entregar suas armas sob nenhuma condição”, afirmou Leaf, ressaltando que o grupo rejeita a presença de uma força de segurança internacional, seja ela composta por países árabes ou muçulmanos, considerando-a uma nova ocupação.
Segundo Leaf, os reféns têm sido utilizados como “cartas de baralho” pelo Hamas, que provavelmente não pretende entregá-los de uma só vez. Além disso, o grupo pode não ter controle sobre todos os reféns vivos e restos mortais, o que complicaria o cumprimento integral da proposta.
A diplomata também apontou a divisão interna do Hamas entre sua liderança política em Doha e o braço militar em Gaza, considerado mais difícil de pressionar. “Se eles aceitarem externamente, mas não conseguirem o aval interno, isso poderá gerar um dilema para todas as partes”, explicou.
Apesar das dificuldades, Leaf acredita que existe espaço para negociações e ajustes no acordo, que carece de detalhes operacionais que poderiam facilitar a aceitação do Hamas. Ela mencionou que o primeiro-ministro israelense Netanyahu tem buscado refinar alguns desses pontos, ao passo que, em outros, tenta manter a ambiguidade.
Há crescente pressão internacional para que o Hamas não seja o entrave ao fim do conflito. Outro diplomata consultado pela CNN prevê que o grupo responderá positivamente à proposta, mas buscará emendas.
Por outro lado, não está claro se o governo Trump está disposto a conceder prazo para novas negociações ou alterações no plano de cessar-fogo.
Em julho, o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, convocou a equipe de negociação dos EUA em Doha após o Hamas apresentar uma contraproposta que, segundo autoridades americanas, indicava falta de vontade de alcançar um cessar-fogo na região.
Com informações da CNN Brasil