Uma criança de 7 anos está sendo acusada injustamente pelo gerente de uma loja de doces, na Zona Leste de São Paulo, por comer um pacote de bolachas sem pagar. O caso aconteceu na última quinta-feira (22), mas foi divulgado nesta quinta-feira (29) após a mãe da criança postar em suas redes sociais, a declaração constrangida do garoto, onde ele diz: ‘não roubei nada’.
O diálogo e as imagens dos dois aparecem em um vídeo que viralizou nas redes sociais nesta semana. Segundo a família, o funcionário que acusou o menino, foi visto por câmeras de segurança no exato momento em que tudo aconteceu. No entanto, nenhuma imagem registrou a criança fazendo algo. Fato este, admitido pela própria loja, por meio de nota.
A mãe do garoto, Giovanna Santos de Oliviera, denunciou o gerente por racismo. O nome dele não foi divulgado pela empresa, mas de acordo com a mulher, ela procurou a Polícia Civil, que no entanto, registrou a ocorrência apenas como “calúnia” no 44º Distrito Policial (DP), Guaianazes.
Procurada pela reportagem da Itatiaia, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou, por meio de nota, que todas as imagens do local foram coletadas e serão analisadas e que durante a investigação, o crime de calúnia pode ser alterado.
“A investigação do caso prossegue pelo 54° DP (Cidade Tiradentes). Todas as imagens do local foram coletadas e são analisadas. A mãe do menor já foi notificada a prestar esclarecimentos, visando auxiliar na investigação. O inquérito apura o crime de calúnia, podendo ser alterado ao decorrer das investigações, conforme novas evidências”, informou a pasta.
Vídeo gravado pela mãe da criança
O vídeo gravado por Giovana, mãe da criança, começa com a fala do filho:
“Não roubei nada”, diz constrangido o menino negro, de 7 anos, acusado injustamente pelo gerente de uma loja de doces da Zona Leste de São Paulo de comer um pacote de bolachas sem pagar. Logo em seguida ela responde: “eu sei que você não roubou, meu amor. Eu sei… mamãe sabe que você não roubou. A mamãe sabe o filho que ela educa, viu?!”, fala, emocionada, Giovanna para o filho na gravação. “Não precisa ficar assustado, não, tá bom? A mamãe tá aqui, tá?”
A conversa entre o menino, que não será identificado e a mãe, que chora na gravação, foi compartilhada nas redes sociais.
“O gerente disse: ‘A gente viu pelas câmeras seu filho pegando as bolachas, comendo e escondendo o pacote vazio atrás das prateleiras’”, falou Giovanna sobre o que, segundo ela, ouviu do funcionário.
Logo depois disso, ela falou que pegou o celular e começou a gravar. “Sofremos constrangimento e racismo. Nós nunca passamos por isso na vida. Olhar racista a gente sofre, mas de chegar nesse ponto de ser abordado na frente de todo mundo jamais tinha ocorrido. Se ele tivesse tido bom senso de chegar na gente de cantinho… mas ele já chegou acusando.”
Outros vídeos, esses de câmeras de segurança sem som ambiente, mostram como o funcionário abordou a criança e seus pais, pretos também. Todos estavam na fila do caixa, em Cidade Tiradentes, um bairro de São Paulo.
Ainda no relato, Giovana conta que ela e o pai do garoto já tinham sido abordados pelo funcionário da loja, um homem branco e que a família havia comprado mais de R$ 500 em doces. O menino fez aniversário dois dias antes, e os pais prometeram uma festa com guloseimas para comemorar a data no final de semana.
Por meio de nota, a loja Magic Doces disse que reconheceu que o funcionário errou ao acusar o garoto sem provas e declarou ainda que “não compactua, sob nenhuma circunstância, com atitudes discriminatórias ou preconceituosas”.
Nota Sejusp
Segue a nota: “A investigação do caso prossegue pelo 54° DP (Cidade Tiradentes). Todas as imagens do local foram coletadas e são analisadas. A mãe do menor já foi notificada a prestar esclarecimentos, visando auxiliar na investigação. O inquérito apura o crime de calúnia, podendo ser alterado ao decorrer das investigações, conforme novas evidências”
Fonte: Itatiaia