A jovem Carolina Arruda, de 28 anos, moradora de Bambuí, no Centro-Oeste de Minas Gerais, vive há mais de uma década com a neuralgia do trigêmeo condição neurológica rara e extremamente dolorosa, conhecida como “a pior dor do mundo”. Nos últimos dias, Carolina relatou em suas redes sociais episódios de dor intensa e crises de ansiedade, e pediu sorte aos seguidores antes de iniciar mais um tratamento paliativo: uma sedação profunda para a aplicação de cetamina.

A neuralgia do trigêmeo é uma doença que atinge menos de 0,3% da população mundial e provoca dores súbitas e extremamente intensas no rosto. A condição é popularmente chamada de “doença do suicídio” devido ao alto índice de sofrimento entre os pacientes. O nervo afetado é responsável por transmitir sensações da face ao cérebro, e ações simples como mastigar, falar, tocar o rosto, sentir o vento ou mudanças de temperatura podem desencadear crises. O caso de Carolina é ainda mais incomum: ela sente dores contínuas e bilaterais, ou seja, nos dois lados do rosto.

Após seis cirurgias que não surtiram o efeito esperado, Carolina será submetida ao novo procedimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sob supervisão do médico Carlos Marcelo de Barros, que acompanha seu caso e o de outros pacientes com o mesmo diagnóstico. O objetivo é tentar “reiniciar” o funcionamento de seu cérebro para que ele volte a responder aos medicamentos utilizados no controle da dor.

O tratamento envolve o uso de cetamina, um medicamento que, embora seja conhecido há décadas como anestésico, passou a ser indicado também para casos graves de dor crônica e depressão resistente. Segundo o médico e cirurgião neurologista Bruno de Castro, a cetamina age bloqueando receptores do sistema nervoso que amplificam os sinais de dor. No caso da depressão, ela auxilia na restauração das conexões entre neurônios.

A infusão do medicamento é feita por via venosa, exclusivamente em ambiente hospitalar, pois pode causar alterações significativas, como variações na pressão arterial, batimentos cardíacos, respiração e percepção — incluindo tontura, náuseas, alucinações ou sensação de “estar fora do corpo”. Por isso, o procedimento requer monitoramento intensivo e, em alguns casos, sedação para controlar os efeitos adversos.

De acordo com o médico Carlos Marcelo de Barros, o uso da cetamina pode ser feito isoladamente ou combinado a outros medicamentos, conforme o quadro clínico e os objetivos do tratamento. “Estudos mostram que a cetamina pode aliviar a dor, reduzir o uso de opioides e melhorar o humor, mas é indicada apenas para pacientes selecionados e sempre sob supervisão de profissionais especializados”, explicou.

O novo tratamento representa uma esperança para Carolina, que vive um quadro severo e resistente de neuralgia do trigêmeo. A jovem enfrenta diariamente o desafio de lidar com uma dor descrita como insuportável, e agora aguarda, com o apoio de familiares, profissionais da saúde e seguidores nas redes sociais, os próximos passos dessa difícil jornada.

Com informações G1 Centro Oeste

COMPARTILHAR: