A Justiça decretou nessa terça-feira (22) a prisão temporária da diretora da escola infantil particular da Zona Leste de São Paulo investigada por suspeita de maus-tratos, periclitação de vida, que é colocar a saúde das crianças em risco, submissão delas a vexame ou constrangimento e tortura.

O mandado de prisão foi entregue pela Justiça na terça (22), quando agentes foram até a casa da diretora para tentar cumpri-lo, mas ela não estava.

A Polícia Civil e o Ministério Público (MP) pediram a prisão da diretora Roberta Regina Rossi Serme, de 40 anos, que também é uma das sócias proprietárias da Escola de Educação Infantil Colmeia Mágica, na Vila Formosa. A escolinha fundada em 2002 atende crianças 0 a 5 anos, do berçário ao ensino infantil.

André Dias, advogado da diretora, chegou a negar à imprensa que sua cliente tenha amarrado ou mandado amarrar os bebês. Alegou ainda que alguém de dentro da escola, possivelmente alguma funcionária descontente, forjou a cena para prejudicar a direção.

Procurado nesta quarta para comentar o assunto, o Ministério Público (MP) informou por meio de nota que “as investigações prosseguem” e que não poderia dar mais detalhes porque “o caso corre em segredo de Justiça”.

De acordo com a Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco) da 8ª Delegacia Seccional, vídeos que circulam nas redes sociais mostram crianças amarradas e chorando num banheiro da escolinha. As imagens chegaram à investigação há três semanas, quando foi aberto inquérito para apurar a denúncia e tentar identificar eventuais responsáveis pelos crimes.

Ainda segundo a investigação, mães de alunos contaram à polícia que a diretora da Colmeia Mágica amarrava ou mandava funcionários da escolinha amarrarem os bebês que aparecem nos vídeos com os braços imobilizados, enrolados com panos, presos em cadeirinhas de bebê embaixo de uma pia e próximas a uma privada. As filmagens teriam sido feitas por alguém que trabalhou no local.

Menino ferido e outro doente

Além das filmagens, mães contaram aos policiais que seus filhos chegavam em casa com ferimentos pelo corpo. Um deles chegou a ser internado por dois dias com falta de ar em 2021. As fotos das lesões e internação da criança foram encaminhadas à polícia. O g1 também conversou com algumas dessas mulheres.

“Na época eu até mandei mensagem para a diretora perguntando sobre o que tinha acontecido com ele, mas ela não me respondeu. No dia seguinte ela disse que não se recordava de nada, mas que ele podia ter batido em algum brinquedo, até porque, eles vão para a escola e estão sujeitos a se machucar”, disse a autônoma Laura Stramaro, de 34 anos, mãe de um menino de 2 anos.

Em maio de 2021, o filho dela chegou em casa com um hematoma perto da sobrancelha.

“Em novembro do ano passado a diretora e proprietária me ligou dizendo que meu filho estava com dificuldades para respirar. Depois ficou dois dias internado em um hospital para a saturação de oxigênio regularizar”, falou nesta terça-feira (15) a advogada Vitória Costa, 23, mãe de um bebê de 11 meses.

Diretora nega maus-tratos

O g1 apurou com fontes que Roberta disse à polícia que desconhece os vídeos que mostram as crianças amarradas no banheiro, que fica ao lado de sua sala.

Em seu depoimento, a diretora reconheceu que as imagens das crianças, sentadas em cadeirinhas de bebês, no chão, embaixo de uma pia e próximas à privada foram gravadas no banheiro da Colmeia Mágica. Mas afirmou não saber quem fez a filmagem e nem quem as amarrou. Ela negou ainda que tivesse imobilizado os bebês ou mandado algum funcionário fazer isso.

Fonte: G1

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