O município de São José da Barra-MG, cuja economia historicamente depende da Eletrobras Furnas, enfrenta um momento de instabilidade e preocupação. A empresa, atualmente privatizada, iniciou um processo de demissão de funcionários efetivos e terceirizados, mesmo operando com um quadro de pessoal já reduzido. O movimento ocorre paralelamente ao anúncio da distribuição de R$ 4 bilhões em dividendos intermediários a seus acionistas.
Corte de pessoal e impactos sociais
Entre os profissionais desligados estão dois operadores e técnicos experientes, além de cinco secretários. Internamente, há a expectativa de que outros setores também sejam encerrados, agravando ainda mais o cenário de desemprego no município.
As demissões em massa trazem impactos que vão além da perda de renda. Estudos apontam que, após desligamentos coletivos, a recolocação formal no mercado de trabalho pode levar até cinco anos. Além disso, a perda do emprego afeta diretamente a autoestima, aumenta os níveis de estresse e ansiedade, e pode desencadear quadros mais graves, como depressão e síndrome de Burnout. Para os funcionários que permanecem, o clima de insegurança gera queda de produtividade, apatia e maior risco de acidentes.
Pagamento de dividendos e resultados financeiros
Enquanto enfrenta críticas pela redução de seu quadro funcional, a Eletrobras Furnas divulgou que seu conselho de administração aprovou o pagamento de R$ 4 bilhões em dividendos intermediários. O repasse será feito em 28 de agosto de 2025, com valores de R$ 2,430363372 por ação preferencial classe A, R$ 1,933479023 por ação preferencial classe B e R$ 1,757706425 por ação ordinária. A data de corte para acionistas da B3 será 15 de agosto, e para os detentores de ADRs na bolsa de Nova York (NYSE), 18 de agosto.
No segundo trimestre de 2025, a companhia registrou um lucro líquido ajustado de R$ 1,47 bilhão, representando alta de 43,3% em comparação com o mesmo período de 2024. No entanto, sem ajustes, o resultado foi um prejuízo líquido de R$ 1,32 bilhão, revertendo o lucro de R$ 1,74 bilhão registrado no 2T24. O Ebitda somou R$ 1,26 bilhão — queda de 71,6% em relação ao ano anterior. Já o Ebitda ajustado foi de R$ 5,15 bilhões, crescimento de 19,2%.
Preocupações locais crescem
A combinação entre demissões e lucros elevados anunciados pela empresa tem gerado críticas e preocupações entre moradores, líderes comunitários e autoridades locais. Em uma cidade fortemente vinculada à operação da Eletrobras Furnas, os impactos sociais e econômicos dessas decisões corporativas têm sido sentidos de forma direta, acentuando a vulnerabilidade de São José da Barra diante do novo cenário pós-privatização.
Com informações Folha Regional