O governo federal gastou quase R$ 2 milhões com a ida do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), à Argentina e ao Uruguai, de 22 a 25 de janeiro de 2023, quando cumpriu a sua primeira agenda internacional no mandato. Além dos gastos com a viagem, houve despesas com combustível de aviões da Força Aérea Brasileira (FAB). O valor, no entanto, não foi divulgado. Os detalhes das despesas foram fornecidos pelo Ministério das Relações Exteriores ao portal O TEMPO por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).
Nos dois encontros, segundo o governo, as discussões foram focadas no estreitamento de relações bilaterais com os países sul-americanos. Em 22 de janeiro, Lula chegou à Argentina, onde teve reunião bilateral com o presidente Alberto Fernández, participou da 7ª cúpula da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e cumprimentou representantes das Mães e Avós da Praça de Maio.
Em 25 de janeiro, Lula viajou para Montevidéu, onde se reuniu com o presidente Luis Alberto Lacalle Pou e recebeu a medalha Más Verde da prefeitura de Montevidéu pelo seu compromisso ambiental. No mesmo dia, encontrou-se com o ex-presidente do Uruguai, José Mujica e com a ex vice-presidente do país Lucía Topolasnky.
Segundo o Itamaraty, a pasta gastou US$ 84.438,47 na viagem ao Uruguai e US$ 296.304,27 na Argentina, o equivalente a R$ 1.979.862,26 quando considerada as despesas somadas, com conversão de US$ 1 a R$ 5,20, neste sábado (4).
A maioria dos gastos da viagem foi destinada ao aluguel de veículos, somando US$ 104.216,84 em Buenos Aires e US$ 61.729,00 em Montevidéu, totalizando R$ 862.918,368. Na sequência, destacou-se a despensa para hospedagem, totalizando R$ 843.353,68 (considerando a estadia nos dois países).
Especialistas consultados pela reportagem analisaram o custo da viagem de Lula aos dois países e a importância diplomática.
Segundo o coordenador do departamento de Relações Internacionais do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC) Rio de Janeiro, Juca Niemeyer, a viagem de Lula à Argentina e ao Uruguai buscou reestruturar a liderança política do Brasil nos ambientes internacionais.
“A diplomacia é uma arte, uma política pulica de estado, e ela serve para criar caminhos para melhorar negociações internacionais, impedir ameaça estrangeira, defender interesses nacionais e aprimorar acordos comerciais, alguns de longo, médio ou curto prazo”, afirmou.
Segundo o especialista, a atual administração busca investir na política externa, ao contrário do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Para fins comparativos, o ex-mandatário gastou R$ 8 milhões com viagens em 2019 – primeiro ano do mandato como chefe do Executivo Federal.
“A ação de Lula prevê que o eleitorado vai se sentir orgulhoso. Esse investimento caminha no sentido da recuperação da liderança política internacional. Marketing político que o ex-presidente economizou”. No entanto, ele analisou como “exagerado” os quase R$ 2 milhões empenhados para a agenda no exterior.
Fonte: O Tempo