Em períodos chuvosos os divinopolitanos têm enfrentado diversos problemas. Dentre eles, alagamentos em várias partes da cidade, o aumento dos números dos casos de dengue, e, agora, mais um problema tem chegado até a porta dos cidadãos. A presença de caramujos africanos, de nome científico Achatina fulica, já começa assustar os moradores de muitos bairros da cidade. Os moluscos são transmissores de doenças e já causaram infestação em Divinópolis.

Conforme os dados emitidos pela Prefeitura de Divinópolis, em 2024, até o momento, houveram 22 solicitações sobre caramujo africano. Do total, 10 em janeiro, 06 em fevereiro e 06 em março. Em comparação ao ano passado, um aumento de 40,9%. Sendo que em 2023, foram 13 solicitações (07 em janeiro, 03 em fevereiro e 03 em março).

O morador do bairro Halin Souki, Franco André, conta que os caramujos africanos voltaram a aparecer em sua rua, após a limpeza de um lote vago. “Isso aconteceu na esquina da minha rua. No mesmo quarteirão tivemos problemas com um lote enorme que ficou abandonado, mas ligamos para o dono e ele providenciou a limpeza”, conta Franco.

Doenças causadas pelos caramujos africanos

O enfrentamento do aparecimento do molusco deve ocorrer com atenção, pois ele pode transmitir doenças graves. Segundo a bióloga Mariana Dias, “a concha do caramujo africano pode acumular água e servir de criadouro para o Aedes aegypti (em itálico), transmissor da dengue, chikungunya e zica. Além disso, o caramujo é hospedeiro do parasita Angiostrongylus cantonensis. Que é o agente causador da meningoencefalite eosinofílica, que causa inflamação das meninges e frequentemente confundida com meningite por ter sintomas parecidos” detalha.

A bióloga destaca que o maior risco para contaminação ocorre em locais onde se há produção de alimentos. Por isso, ao identificar a existência do caramujo, preciso eliminá-lo corretamente, “pois o caramujo consegue sobreviver e se reproduzir o ano todo. Entretanto, temperaturas mais quentes e chuvas frequentes são condições perfeitas para reprodução destes moluscos”, explica.

É necessário a eliminação do caramujo. A forma correta é triturar a concha e depois incinerar para evitar contaminação do solo” Mariana Dias – Bióloga

O muco deste caramujo traz dois tipos de doenças, sendo elas a Angiostrongilíase Meningoencefálica Humana. Ela causa fortes dores de cabeça, vômito, febre, rigidez na nuca, formigamento entre outros. A outra doença causada é a Angiostrongilíase abdominal. Doença que não apresenta muitos sintomas, mas pode apresentar doer abdominal, febre, vomito, diarreia, náuseas e ausência de apetite.

Conforme a Vigilância, “a contaminação sempre se dá pela via oral da pessoa, após ingerir alimentos contaminados pelo muco que os caramujos deixam ao se locomover”, explica.

Para evitar o contágio, é recomendado que se higienizar os alimentos, como plantas e verduras, utilizando água sanitária e vinagre. Além disso, é orientado evitar o contato direto com o caramujo e sua secreção. A orientação é “lavar bem as mãos após a coleta, manter o quintal limpo, sem entulhos, material de construção, fezes de animais e lixo”.

2º maior ameaça à biodiversidade

O Caramujo Africano é uma espécie invasora, ou seja, ela não pertence originalmente ao bioma brasileiro. Segundo informações do Instituto Oswaldo Cruz, a espécie foi “introduzida no país no final da década de 80, importado ilegalmente do leste e nordeste africanos como um substituto mais rentável do escargot”.

Ficando atrás somente do desmatamento, as espécies invasora representam a segundo maior ameaça à biodiversidade em todo o planta, conforme os dados da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

Orientações

Em casos de aparecimento de caramujos africanos, a recomendação é que se entre em contato com a Vigilância em Saúde Ambiental através do telefone (37) 3229-6823. Além disso, as orientações repassadas pela Vigilância em Saúde Ambiental, além de manter local limpo sem a presença de entulhos, folhas, madeiras e outros materiais similares.

A SEMUSA ,através da Vigilância em Saúde Ambiental, orienta que, “caso apareça algum caramujo, é necessário que faça a catação do animal, utilizando luvas ou sacolas plásticas, coloque em uma lata e faça a maceração. Em seguida, jogue os restos no lixo”, orienta. Outro ponto destacado é que não se deve descartar o caramujo vivo no lixo e a prática de jogar sal não é recomendada.

O caramujo africano é uma espécie exótica introduzida no Brasil, é muito comum aparecer no período de chuvas. Esse molusco apresenta hábito noturno e durante o dia fica em repouso abrigado da luz do sol e do calor. Por isso é indicado que a coleta seja realizada na parte da manhã”, pontuou a assessoria da Vigilância Ambiental.

Fonte: Portal Gerais

Foto: Reprodução/Redes Sociais

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