O bloco de oposição na Assembleia Legislativa de Minas Gerais acusou o governador Romeu Zema (Novo) de utilizar a operação policial no Rio de Janeiro como plataforma política, ao mesmo tempo em que negligencia os problemas da segurança pública em seu próprio estado. A crítica foi formalizada nesta sexta-feira (31), quando o grupo Democracia e Luta apresentou um levantamento com dados recentes sobre a violência em Minas e cobrou mais investimentos e coerência na gestão estadual.

De acordo com os parlamentares, os números apontam uma realidade oposta ao discurso oficial do governador. “O Anuário 2025 de Segurança Pública revela que Minas Gerais registrou aumento de 5% nas mortes violentas entre 2023 e 2024, enquanto o Brasil teve queda de 5,4% no mesmo período. O estado ocupa o terceiro lugar no ranking de maiores crescimentos percentuais de homicídios dolosos no país, com alta de 7,38%, ignorando a tendência nacional de redução”, informou o grupo, citando o Mapa da Segurança Pública.

A manifestação foi uma resposta às declarações de Zema após uma reunião, na quinta-feira (30), com governadores de direita que manifestaram apoio ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL). O encontro ocorreu após críticas à operação policial que resultou na morte de 121 pessoas, entre elas quatro policiais. Na ocasião, Zema elogiou a ação, classificando-a como “extremamente bem planejada e bem-sucedida”, e atribuiu a responsabilidade pelos problemas de segurança pública ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), possível adversário em uma disputa presidencial no próximo ano.

Em nota divulgada nesta sexta, a oposição afirmou que o governador “se esconde da realidade e usa o holofote do estado vizinho, comandado por um aliado, para bradar uma falsa imagem de gestor”. Para o bloco, o comportamento de Zema “escancara dois únicos movimentos: pegar carona em cima do sangue derramado e esconder a falta de planejamento e de investimentos para combater o crime organizado em Minas Gerais, estado que foi eleito para governar e não governa”.

Os parlamentares também reforçaram denúncias feitas por sindicatos das Forças de Segurança, que cobram mais recursos e acusam o governo de racionar combustível de viaturas, manter um déficit salarial de cerca de 44% e não realizar novos concursos, o que teria deixado o estado com quase 8 mil agentes a menos do que o necessário.

O governo de Minas Gerais foi procurado para comentar as críticas e os dados apresentados pela oposição, mas não se manifestou até o fechamento desta edição. O espaço segue aberto para posicionamento.

Com informações O Tempo

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